Isenção de imposto de importação para data centers pode ser trampolim tecnológico para o Brasil
Medida tem potencial para fazer do Brasil hub mundial na área de data centers sustentáveis

Leonardo Santos
7 de maio de 2025
Em um cenário em que a demanda mundial por processamento de dados cresce exponencialmente — impulsionada pela inteligência artificial, pela digitalização dos serviços e pelo avanço da indústria 4.0 — o Brasil se encontra, mais uma vez, em uma posição privilegiada entre as nações que disputam um lugar no seleto grupo de detentores de tecnologias de ponta. Nosso território reúne todas as condições necessárias para atrair uma indústria que não para de crescer.
Com uma matriz energética composta majoritariamente por fontes renováveis — como hidrelétrica, solar, eólica e biomassa — o Brasil possui uma das energias mais limpas do planeta. Soma-se a isso um clima favorável e ampla disponibilidade hídrica, fatores que tornam nosso país especialmente competitivo para a operação eficiente e sustentável de grandes centros de dados. Em um mercado global cada vez mais pressionado a reduzir emissões de carbono, a instalação de data centers em solo brasileiro permite que empresas internacionais cumpram metas ambientais com mais facilidade, reforçando seus compromissos ESG e agregando valor às suas marcas. É uma vantagem competitiva que posiciona o Brasil alguns passos à frente de outras nações interessadas em atrair esses investimentos.
A isenção total de impostos de forma cirúrgica e estratégica para a importação de equipamentos tecnológicos — como os responsáveis pelo funcionamento dos GPUs dos data centers de última geração — deve ser entendida como um estímulo direto ao investimento estrangeiro e à geração de empregos qualificados. Trata-se de uma medida com enorme potencial de alavancar a economia brasileira e consolidar o país como um hub global de infraestrutura digital de baixo carbono.
Essa política representa, também, uma oportunidade de aproveitarmos de forma inteligente o nosso potencial energético limpo. Em vez de exportar essa riqueza sob a forma de hidrogênio verde, poderemos consumi-la internamente para impulsionar o desenvolvimento de tecnologia, inovação e conhecimento em nosso próprio território.
O Instituto Tech-Reg acredita que o fortalecimento do ecossistema de data centers precisa ser encarado como política de Estado. O poder executivo tem nas mãos a oportunidade de fomentar essa cadeia produtiva, abrindo caminho para o Brasil atrair investimentos trilionários em novas tecnologias. Para isso, é fundamental eliminar barreiras que tornam o país menos competitivo frente a economias que já compreenderam o papel estratégico dessa infraestrutura. A isenção tributária para equipamentos e GPUs é um passo decisivo nessa direção.
Leonardo Santos é especialista em comunicação política e vice-presidente do Instituto Techreg
