Luís Tossi (ABDC) celebra MP do ReData e projeta Brasil de volta ao mapa global de Data Centers
Em entrevista ao CNN Money, Tossi destaca impactos da MP do ReData no setor de data centers

Agência TechReg
September 19, 2025
O governo federal publicou nesta quarta-feira (17/09) a Medida Provisória que cria o ReData – Regime Especial de Tributação para Serviços de Data Center, zerando a cobrança de IPI, PIS e Cofins para parte dos equipamentos destinados ao setor. A medida, que antecipa efeitos da Reforma Tributária, prevê renúncia fiscal de aproximadamente R$ 7,5 bilhões em três anos.
Em entrevista à CNN Money, o vice-presidente da Associação Brasileira de Data Center (ABDC), Luís Tossi, destacou que o mercado aguardava com grande expectativa pela iniciativa.
“O setor estava muito ansioso por essa medida. Quando o ministro Fernando Haddad sinalizou em maio que a MP estava em elaboração, sabíamos que seria decisiva. Ontem, ao ver a assinatura do presidente Lula, comemoramos com muita alegria. Agora, seguimos atentos à tramitação no Congresso, para que entre em vigor a partir de janeiro de 2026”, afirmou Tossi.
Competitividade internacional
Segundo o dirigente, o Brasil reúne vantagens únicas no cenário global: energia abundante, preços competitivos e matriz quase 83% renovável, um atrativo fundamental num momento em que grandes players de tecnologia buscam atingir metas de carbono zero.
Tossi ressaltou que, até então, o custo tributário elevado afastava investimentos internacionais:
“O ReData coloca o Brasil em pé de igualdade com outros países que disputam esses investimentos. É uma oportunidade de voltarmos ao jogo global.”
Retorno econômico e fiscal
Questionado sobre o impacto fiscal da medida, Tossi destacou que os incentivos se restringem a parte dos insumos de data centers, e não abrangem equipamentos de maior peso, como GPUs e CPUs.
Ele citou estudos do estado da Virgínia, nos Estados Unidos, mostrando que para cada dólar concedido em incentivos, a arrecadação posterior chegou a ser de 12 a 14 vezes maior.
“Não se trata de renúncia pura e simples, mas de um investimento para atrair empreendimentos estratégicos. Em poucos anos, o retorno em impostos e geração de empregos tende a superar em muito o custo inicial.”
Concorrência regional e expansão geográfica
Na comparação com países concorrentes, como o Uruguai, Tossi afirmou que a MP recoloca o Brasil em condições de atratividade:
“Hoje, construir um data center envolve cerca de 15% a 20% do custo em obra e o restante em equipamentos. Com o ReData, passamos a competir de igual para igual, com a vantagem de oferecer energia abundante e limpa.”
Atualmente, a maior concentração de data centers no Brasil está no eixo Barueri-Campinas, em São Paulo, além de unidades no Rio de Janeiro, no Sul e em Fortaleza — este último, estratégico pela chegada de cabos submarinos internacionais.
Para Tossi, a política pode estimular a descentralização geográfica do setor:
“Com os novos investimentos, sobretudo em centros voltados a treinamento de inteligência artificial, é possível distribuir instalações em regiões próximas a pontos de geração de energia, não ficando restritos ao eixo Sudeste.”
Perspectiva
A ABDC prevê um crescimento exponencial para o setor nos próximos anos. Para Tossi, a medida inaugura um ciclo de competitividade internacional capaz de consolidar o Brasil como hub global de infraestrutura digital, gerando empregos, inovação tecnológica e segurança de dados.
